terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Lembranças...



Hoje lembrei de você, foi tão doce e afável. Não consigo entender porque não lembro todos os dias. Talvez seja como meu amigo Álvaro de Campos disse: “Depois da angústia e da surpresa da vinda, do mistério e da falta da tua vida falada, a conversa aligeira-se quotidianamente, e a vida de todos os dias retoma o seu dia...” princípio da morte da tua memória! Lembramos nos aniversários, quando faz anos que nasceste, quando faz anos que morreste. Talvez seja por isso que lembrei de você hoje, seriam 48 anos. Não que isso fuja do comum, ou do esperado. Aquilo que faz do senhor mais vivo, seus escritos, já nos anunciava: “Um dia tudo que viveu e passou por esta terra irá se perder e tornar pó”. Desde os livros que escreveu, ou dos que leu, das fotos que tirou, da vida que viveu ou até o que lhe foi emprestado, teu corpo.

Mas, apesar de normal ainda me assusta. A saudade é companheira, é nostálgica. É como uma primavera sem flores, um verão com tristes canções. O esquecimento é vazio, um abismo que nem voz nem olho atravessam. Ah! Louca agonia do esquecimento, que nos faz lembrar doidamente o que esquecemos...

Mas hoje lembrei de você. Por momentos fiquei triste, mas lembrei-me. Sentado na beira da cama, vendo fitas antigas de tempos que eu nem existia. Nas igrejas, nas viagens, nos restaurantes. Fazia tempo que não ouvia sua voz. Tempos que não ouvia seu sorriso, tão marcante sorriso! Tantas coisas aconteceram desde a ultima vez que nos encontramos, e aquilo que mais mexia comigo, principalmente das tantas despedidas que a vida anda agora me obrigando a fazer, eu corria pro meu computador e escrevia como se tivesse tendo as velhas conversas com você, como fiz logo no início. Mas deixei elas quietas, esquecidas em uma pasta guardada em algum dispositivo de armazenamento. E hoje lembrei também delas e de que por mais “terapêutico” que isso pareça, nesta vida não vou mais ter essa intimidade interrompida tão cedo.

Mas, um sorriso singelo e nostálgico grudou em mim. Lembrei de como nos tornamos amigos, de como era bom ter você aqui por perto. Fiquei feliz pelas lembranças porque elas me trouxeram a recordação dos tempos felizes que tivemos, lembranças de tempos e de outros tempos. Lembrei que mesmo tendo partido temos a promessa de um reencontro, eterno por acaso! Lembrei dos abraços nos teus braços, dos conselhos dados, da contagiante alegria. Lembrei das palavras cantadas, ainda que como o Marguidiel disse cantar fosse um “doce desastre” na sua vida. Lembrei das palavras proferidas, palavras que saiam dos seus lábios e no vento achavam nosso terno encontro. Vento... que insiste em passar e levar as lembranças dos meus pensamentos mas hoje lembrei de você.


E quando o esquecimento me lembrar e a saudade voltar, vou como uma criança brincar com seu retrato que achei escondido no meu coração. Afinal a lembrança pode me faltar, mas grande parte do que sou e do que creio faz o senhor ainda significar muito, mesmo que eu não lembre.

Mateus André,

Esquecido, mas com muitas saudades!




segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Nesta Data Querida...

A data será sempre querida, afinal dia 5 de fevereiro de 1965 o senhor nasceu seu João Vicente, comentários adicionais são desnecessários! Aproveite pai a homenagem dos seus amigos e filho:


Tio George e Família:

Hoje João Vicente André completaria mais um ano de vida se ainda estivesse conosco. Aprouve a Deus retirá-lo do nosso convívio há exatos oito meses. O que ficou do João?

Muita coisa vivida em apenas 46 anos. Hoje convivemos com a saudade que aquele maluco deixou nos corações daqueles que tiveram o prazer de andar com ele, ao menos um pouco de tempo. Fica aqui o nosso agradecimento a Deus de nos permitir ser uns desses privilegiados que puderam rir, chorar, aprender, ensinar, provar de sua hospitalidade, carinho e amor juntos com ele e sua amada família.

 A Silvana Muniz André, Lucas e Samara André, Natália André Rodrigues e Mateus André o nosso carinho de sempre. Um grande beijo, a vocês!!! Que Deus os conforte sempre.

George Gomes, Ana Lucia de Arruda, Lucas Henrique e Michelle Fernanda




Lucas e Samara:

Hoje é uma data que não poderíamos deixar de citar

Hoje João Vicente André estaria completando seus 47 anos de serviço a um Deus Grande, Poderoso, Maravilhoso e Bondoso
João Vicente não foi apenas um Doutor em Teologia e Economia
João Vicente André foi um grande esposo
João Vicente André foi um grande pai
João Vicente André foi um grande filho
João Vicente André foi um grande irmão
João Vicente André foi um grande sogro (por sinal a Samara tem muitas saudades)

João Vicente André foi um grande amigo

João Vicente André foi um grande educador
João Vicente André foi um grande PASTOR (Diga-se de passagem o melhor que eu conheci, mas somos meio suspeitos de falar isto)
João Vicente André foi um grande companheiro
João Vicente André foi um grande servo de Deus
e para finalizarmos, João Vicente André, você foi um grande apoiador de nosso ministério com crianças

Um pastor raríssimo de se encontrar, que as crianças o amavam e oravam por você. Temos muitas saudades daquele que sempre nos apoiou sentimentalmente, financeiramente, espiritualmente e principalmente sua participação era de grande valor.

Nosso palhacinho sempre querido pelas crianças...


Saudades de Você querido pai, sogro, amigo e pastor João Vicente André






Marguidiel e Família:

Hoje é um dia de saudades! Mario Quintana disse que "O tempo não pára! Só a saudade é que faz as coisas pararem no tempo...". E hoje parei para fazer da saudade um tributo ao meu amigo João; João das sandálias franciscanas, João calvinista, Flamenguista, que gostava de mesa farta e boas piadas; João dos amigos, alguns quase tão "enlouquecidos" como ele (rsrsrsrsr); João de Deus, da vida, dos filhos, Natália, Lucas e Mateus; João da Silvana. João pai, filho, esposo, pastor, servo, peregrino. E nessa "paragem nonsense do tempo" me achei pregando uma peça na saudade: Ela me viu sorrir e não percebeu que "cansei a tristeza" trazendo à memória aquilo que era mais característico do meu amigo João - Fazer os amigos sorrir! Agora já sei o que vou fazer nos próximos aniversários que virão: vou fazer a saudade cantar, ainda que cantar fosse um "doce desastre" na vida do meu amigo que se foi. Como bem postaram o George e a Ana, tivemos o prazer de andar com ele, ao menos um pouco de tempo. Na eternidade essa aventura certamente há de continuar, e até lá saudades... Do amigo, do menino, do irmão, de quem fez da vida um tributo a Cristo! ...Há ia esquecendo: filhos de Deus não morrem, apenas renascem para a verdadeira Vida! Sendo assim no meu canto de saudade, soprando velas e bolos imaginários, insisto em cantar:
"Parabéns pra você nesta data querida...”.

Marguidiel, Rosangela, Filipe André e Mágila. Amigos sempre!




quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Soror Saudade!



Sorri quando a dor te torturar
E a saudade atormentar
Os teus dias tristonhos vazios
.
.
Sorri quando tudo terminar
Quando nada mais restar
Do teu sonho encantador
.
.
Sorri quando o sol perder a luz
E sentires uma cruz
Nos teus ombros cansados doridos
.
.
Sorri vai mentindo a sua dor
E ao notar que tu sorris
Todo mundo irá supor
Que és feliz

__________________________________


Andam supondo minha felicidade por aí Pai!

Mateus André, Filho Saudoso

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Tristezas de um Dezembro, Esperanças de uma Eternidade!



Pai eu li esses dias na internet a estória de dois amigos que em uma típica festa de final de ano da empresa divagam sobre a aversão ao natal e as festas de fim de ano. E em um dado momento da estória cada um dá sua própria explicação para o desgosto por esta data. O primeiro tinha um pai festeiro, adorava fazer o maior festão com os melhores presentes, o melhor da comida e o melhor dos vinhos, tudo que se faz necessário pra uma comemoração inesquecível, mesmo que tivesse que se endividar todo para isso. A festa era mero motivo pra reunir todos os amigos e família em comemoração e celebração. Entretanto, faltando uma semana para que o Natal chegasse o velho se foi! Sem mandar aviso. Deixando a cara garrafa de vinho e a festa para trás, aquelas coisas típicas da morte pai.  A semelhança já é aqui nítida, mas não foi por isso que me lembrei do senhor.

O segundo tinha uma história ainda mais trágica. Tinha perdido o pai em plena virada natalina e ainda por cima vestido de “papai noel”. Embaixo de toda aquela fantasia e parafernália, barriga com enchimento, roupa de cetim, barba postiça e botas estava um coração não tão bom que não resistiu ao calor daquele dezembro, e fim. O Natal para ele e pra sua família tinha chegado de forma trágica, macabra e triste. O senhor nunca se vestiu de “papai noel” mas os presentes prometidos no nosso primeiro natal no Sul, todos juntos, ainda não saíram da minha cabeça. Ou ainda aquele quadro dos Beatles que anda pendurado na sala do meu apartamento pra me lembrar que a morte me tirou o prazer de recebê-lo das suas mãos. Que travessura macabra da morte de novo hein seu João. Mas ainda assim não foi isso que me fez ter lembranças do senhor pai.

Vejo as pessoas buscarem em vão algum sentido especial pra esta data, tanta gente alienada achando que realmente estamos na época do perdão, dos abraços, da troca de presentes. Vejo também alguns loucos radicais que acham que se reunir numa mesa, ceiar em família e desejar um “feliz natal” ao próximo é alguma espécie de crime ou alguma profanação pagã que vai contra o cristianismo. Que falta de equilíbrio, que falta de sabedoria. Claro que o Natal é uma data muito mais comercial do que histórica, mas lembramos do natal como um símbolo, uma representação do que achamos importante, mas porque também não aproveitar esta data pra comer muito peru ou chester tomar um bom vinho e reunirmo-nos em família pra contar piada e lembrarmos o ano que se finda. Assim recordo-me dos nossos natais. Sua presença faz falta também em meio a tanta loucura e tantas “verdades”, mas não foi isso que fez florescer sua lembrança em mim.


O Natal foi sem graça esse ano pai, impossível ser diferente. Ouvir Elvis nessa época foi quase uma tortura, mas achei que deveria ouvir alguma coisa. Era melhor ter deixado o som calado... O senhor saiu no melhor da festa e nem se despediu. A sua morena ainda espera a última dança. Sabe pai é mais fácil suportar sua morte sem pensar nela do que suportar o pensamento da morte sem morrer. A cada gole de vinho, a cada sorriso a lembrança do meu velho e querido pai presente. Não acredito em fantasmas, ainda. Digo ainda porque este Natal foi fantasmagórico pai. Parecia que podia ver o senhor em casa canto dessa casa. Não consegui digerir a idéia de que a morte é apenas não ser visto. Ainda reluto em acreditar que morrer é a curva da estrada. Queria o senhor aqui por longas retas ainda, que passassem por dezenas de natais e fins de anos, e depois quem sabe o senhor podia virar a curva. Sim isso fez com que eu me lembrasse do senhor. Tristezas de um dezembro. Época de maior antítese não há, esperava ansioso o fim do ano, mas no fim o senhor não estava aqui. Talvez eu consiga entender um pouco aqueles dois rapazes da estória. O Natal dá mesmo raiva.

A noite do Natal passou pai e o leste abriu as cortinas pra mais um amanhecer. Fui levado a ler o redemoinho de Deus respondendo a Jó. “Onde você estava quando lancei os alicerces da terra? Responda-me, se é que você sabe tanto”. “Quem marcou os limites das suas dimensões? Vai ver que você sabe! E quem estendeu sobre ela a linha de medir?. “Você já deu ordens à manhã ou mostrou à alvorada o seu lugar?”. “Você conhece as leis dos céus? Você pode determinar o domínio de Deus sobre a terra?”. Depois almoçando lá na Cecília o Marguidiel falava de Ezequiel, o homem que teve o desejo dos seus olhos tirado de si e nem mesmo pode prantear, chorar, lamentar. Deus proibiu seu luto. Parece que ele falava comigo. Deus em sua misericórdia insistia em me ensinar. Ainda tenho tanto a aprender pai. O sol secou com seus lenços dourados as lágrimas deste Natal, mas eu sei que as tristezas deste dezembro ainda me serão companheiras por muito tempo. Oro a Deus pra que ele me de Fé e que eu possa com a verdade do meu coração dizer: “Pois eu sei que o meu Redentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra”. Afinal pai os meus ouvidos ouviram a respeito de Cristo através da sua vida, e meus olhos ainda verão a Deus. Esta é a lembrança que fica. Esta é a esperança desta Data:

O MEU REDENTOR VIVE!

Até breve pai, a curva ainda não chegou pra mim.





Mateus André, um Filho Saudoso, um Cristão Convicto.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Homenagem Samantha



Tio, o que dizer...



Você era a melhor e mais inteligentes das criaturas, um homem íntegro, amoroso, divertido e muito companheiro, um ser humano incrível. Como dizia a vovó: "FORMIDÁVEL", um grande exemplo para todos (conhecidos e desconhecidos). Vou te amar eternamente, sinto tanta saudade... Como dói! Mas nosso Deus precisava de você mais do que nós, e o convocou para estar ao lado Dele.

Tudo aquilo que você nos ensinou, aconselhou, mostrou com teu próprio exemplo está em nossos corações e jamais será esquecido. Sinto-me privilegiada por ter sido escolhida para ser sua sobrinha e fazer parte da sua história nesta Terra. Obrigada Senhor por tudo, mesmo sem muita compreensão e entendimento das razões que O levaram a tirar o meu tio João amado do nosso convívio.

Tia Silvana, você foi, é e sempre será uma parte do nosso tio que ficou aqui entre nós, agradeço a Deus por você existir, te amo muito e saiba que estamos aqui sempre pensando em você e orando para que Deus te capacite a viver cada dia sem o nosso amado João Vicente André.

Aqueles que o conheceram sabem que ele era muito mais, infinitamente mais do tentei expressar, e aqueles que não o conheceram saibam que não há exagero algum, meu tio era tudo e mais um pouco do que imaginamos de um homem, marido, pai, tio, irmão, filho, amigo, professor e cristão, apaixonado por tudo e por todos que DEUS criou.

Samantha, sobrinha franguinha com muitas saudades.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Em memória de "Dona Jane"

               Ler o que papai escrevia a respeito da morte e notar a naturalidade, franqueza e profundidade que este assunto fazia surgir nele pode levantar dúvidas sobre a "intimidade" que ele tinha com esta senhora, a Dona Morte. Durante sua vida como professor, e a mais curta como pastor ouvi gente acusá-lo de que falava de coisas dais quais não havia ainda experimentado, ele teria nascido "com a bunda virada pra lua". Não pretendo discutir se podemos tecer comentários de experiências ainda não transpassadas por nós mesmo. Às vezes penso que sim, às vezes penso que jamais. Entretanto, a respeito deste assunto, papai já tinha tido alguns debates com Dona Morte. Isso  não torna o trato dele com os fatos mais ou menos interessante, apenas é mais uma informação pra quem achou durante muito tempo que a vida deste homem era "demasiada abençoada". Em última instância talvez estes estejam até certos. Foi mesmo muito abençoada, não por falta de problemas ou experiências, mas pela clareza e confiança com que lidou com tudo que aconteceu ao seu redor. Sempre, vale salientar, sustentado pela graça de Deus.

           Este texto, exemplo da descrição acima, foi escrito na sua tese de doutorado terminada no final do ano de 2003. Minha querida vó Jane havia acabado de deixar este mundo. Tenho na memória lembranças vagas da volta de papai á Belém depois de se despedir e participar do sepultamento dela em Brasília. Se aconteceu ou não (desculpe minha memória é às vezes por demais fantasiosa) é impossível precisar mas lembro-me de durante aproximadamente 3 dias ouvir o suave pranto daquele que eu considerava "inquebrável" no colo de minha mãe. Verossímil ou não este fato tenho a plena convicção que a morte de minha vó mexeu muito com ele,  iniciava ali um lado mais reflexivo e meio que solitário de João Vicente André. No ano seguinte fomos a Bela Vista no Mato Grosso do Sul visitar a cidade natal de minha vó como uma forma de homenagem e resguardo das lembranças.  Era constante o saudosismo na sua voz, as vezes embargada, em todas as filmagens, motivo inclusive de piada entre nós filhos. Nos anos seguintes ainda escreveria muitos emails citando este fato. Dizia que a dor ainda latejava mas era confiante no reencontro e na paz que o consolavam. 

          Jamais pensei confrontar estes textos tão cedo. Achei que compartilharia esse momento com meus filhos, netos dele. Contudo me faço alegre e grato por ter sempre observado o lidar de papai com Dona Morte. Infelizmente parece que ela está a me chamar pra batermos nossos próprios papos agora...




Joana Rebello André (jovem)

* janeiro/1928   + outubro/2003

IN  MEMORIAN

       Quero fazer uma justa homenagem à minha mãe, Joana Rebello André. Durante os últimos anos, esta mulher fantástica enfrentou um inimigo cruel: o câncer. Primeiro em suas mamas, depois em seus ossos e pulmões, e por fim em seu fígado. Valente, resistiu até onde pôde. Deixa para mim e meus irmãos o legado inquebrantável de uma vida dedicada à família e a Deus. Infelizmente não poderei mostrar a ela o título de doutor que ela me ajudou a conquistar (ela própria cursou apenas o primário). Vinda da pequena cidade de Bela Vista – MS, órfã de seus pais ainda muito nova, foi corajosa diante das adversidades. Mudando-se para a cidade grande (São Paulo) na juventude, levou toda sua família consigo. Depois foi para Brasília, onde foi “candanga” e pioneira junto com meu pai. Líder e de coração amplo, ajudava a todos que podia. Forjou dentro de mim o amor aos livros, à música e a Deus. Morreu, inclusive, numa data significativa: 31 de outubro (aniversário da Reforma Protestante) do ano de 2003, numa sexta-feira, pela manhã, nos braços do meu pai, seu “herói” e companheiro por mais de 52 anos de casamento. Através da lembrança dos que a amaram, permanece viva. Seu corpo está sepultado no Cemitério Campo da Esperança, em Brasília, mas seu espírito está agora com Deus, finalmente livre das dores e das lágrimas. Foi “promovida” à eternidade, e como uma flor foi colhida, a seu tempo, pelo supremo Jardineiro. Em vida minha mãe testificou que, de fato, “a capacidade definitiva de um ser humano não está nos momentos de conforto e conveniência, mas nos períodos de desafios e controvérsias” (Luther King). À minha mãe, “dona” Jane (como costumávamos chamá-la), portanto, dedico, “in memorian”, esta tese, por tudo o que ela fez e pelo que representa em minha existência. Como filho caçula, sou grato a Deus pelos seus 75 anos de vida, e reconheço seu magnífico exemplo. As saudades ficarão, para sempre... Um dia tornarei a vê-la, pois nosso Redentor vive e nEle somos mais que vencedores. Nada nos separará do amor de Deus que está em Cristo Jesus. A morte, a última inimiga, um dia será derrotada. Por isso, posso dizer: vá com Deus e até breve, mamãe...

João Vicente André

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Guapa, Uma grande experiência. Agora uma grande saudade...


Estou deixando o pastorado da Igreja do Guapa (Igreja Metodista Wesleyana do Guaporé), localizada na periferia da zona sul da cidade de Porto Velho. Domingo próximo, dia 09 de janeiro de 2011 (dia do aniversário do meu filho Lucas) inauguro o prédio-anexo da Igreja do Guaporé (também conhecida como "Igreja do Guapa"). Depois me despeço da igreja no dia 16/01, e a partir de 23 de janeiro um novo pastor assume a liderança da igreja. 

Durante seis anos fui o pastor desta amada igreja do povo de Deus...

Quando cheguei com minha família e meu amigo Marguidiel e esposa, a igreja tinha apenas um pequeno salão e mais ou menos umas 30 pessoas. Agora somos quase uma centena de vidas, e além da ampliação do salão para os cultos, temos uma cozinha e uma sala de aula. E com a recente aquisição e reforma do terreno ao lado, ganhamos mais duas salas de aula, dois novos banheiros, uma secretaria e um gabinete pastoral, além da preparação para um segundo andar no futuro. 

Fruto do nosso talento e esforço? Claro que não! Fruto da bondade de Deus apenas. Sua graça e misericórdia nunca nos faltaram, mesmo em momentos difíceis... 
Olhando agora para trás lembro-me de pessoas que se foram, mudaram de cidade, sumiram... Recordo-me também das reuniões de oração, retiros, passeios, brincadeiras, batismos, casamentos, pregações... Cultos de doutrina, debate, oração, discipulado, ceia...
Também me vêem à mente alguns embates, confrontos, problemas...
Quando penso em pessoas transformadas, curadas, mudadas pelo poder de Deus, sinto-me confortado. Valeu à pena tudo o que passei, o que vivi, o que senti.
Não me arrependo de nada. E saio com a consciência tranquila. Estou em paz, leve, gratificado. Minha família me ajudou bastante durante estes seis longos anos. Em especial minha linda e querida esposa, Silvana, verdadeira líder e companheira. 
Meus três filhos, Natália, Lucas e Mateus também foram importantes e presentes. O Lucas ainda ficará na igreja, junto com minha nora, Samara. Eles amam as crianças da igreja e têm um precioso ministério junto aos pequeninos. Comigo saem o Marguidiel e sua esposa Rosângela, fiéis amigos e ajudadores na obra do Senhor. Serei sempre grato a ambos pela força que me deram desde o início. 

Na igreja do Guapa fiz novas amizades, conhecendo gente simples, honesta, íntegra. Pessoas como a irmã Lucimar, uma mulher lutadora e sofrida, que trabalha na área de saúde, que ama e ora pelos seus pacientes. Pessoas como a irmã Cecília, dedicada, talentosa, exemplar, ovelha que todo pastor gostaria de ter em sua igreja. Pessoas como o Wagner e sua esposa Rose, um casal de verdadeiros líderes que acabou se transformando num casal confidente diante de uma amizade sólida e crescente. Pessoas como o Alexandre (motorista da van que nos transportou tantas vezes para passeios e viagens a Guajará-Mirim para a gente comprar bugigangas na fronteira) e sua esposa Maria, sempre discreta (pelo menos até tomar o primeiro gole de vinho...). Pessoas como o irmão José e sua esposa Edinalva, nordestinos, bacanas, sinceros, hospitaleiros, inesquecíveis. Pessoas como a família de Humaitá (Regiane, Regina, Rivanda, Fernando, Cassiano, Domingos, Nasson e a pequena e bela Isabel, tendo como modelo a querida irmã e matriarca Maria de Lourdes, mulher de Deus. Isso sem falar em gente como o Josias, Uilcson, Janielson (e sua namorada Bruna), Noele (e seu esposo Ismael), Denny (e seu esposo Jorge), e tantos outros, tais como: Manu, colega da minha filha Natália no curso de Psicologia, Cleide, Eliane, Nete (e seu esposo Alan, com quem me diverti tanto com piadas e goles de vinho), Deusilene (cozinheira de mão cheia). A recém-chegada família "Thunder Cat" (vindos de Manaus: Dalmo, sua esposa e filhinhas). Estes são apenas os que me lembrei no momento. Sem mencionar em tantos jovens, adolescentes. E as crianças, com quem sempre me dei muito bem (jamais irei me esquecer do palhaço "bolinha" que representei nas Escolas Bíblicas de Férias e nas danças com a Márgila, Isabel e Émily). Essas e outras pessoas jamais poderei esquecer... 

Eles marcaram minha vida durante meu primeiro pastorado à frente da Igreja do Guapa!
Agora chegou a hora de partir... Seis anos se foram de repente. O coração está pequeno, apertado. Posso sentir uma estranha sensação de perda. Um pedaço de mim fica no Guapa. Deixo agora a igreja nas mãos de um novo pastor, Rogério Barros, indicado pelo bispo Jamir. Rogério é um cara inteligente e dinâmico, esforçado. Creio que ele e sua jovem esposa farão um excelente trabalho. Trabalho singular, sem comparações... Ele pega uma igreja amorosa e crítica, informal e cheia de vida. De fato, a igreja do Guapa é uma igreja diferente. 

Não é um "adeus", pois pretendo manter contato, nem que seja por e-mail ou telefone. Certamente alguns dos membros continuarão a aparecer em casa, para uma visitinha, para tomarmos um suco ou um gole de bom vinho.

Os anos correram. Agora pretendo fazer meu pós-doutorado no Rio Grande do Sul. Volto daqui um ano. Não sei o que vai acontecer depois. O amanhã está nas mãos de Deus...
Eu só posso dizer a todos do GUAPA: muito obrigado! Obrigado pela honra da amizade, do convívio, da paciência comigo! Desejo a todos que Deus os abençoe com graça, saúde e sabedoria. Valeu tudo o que passamos juntos! Perdoem as falhas e limitações. Guardem na mente e coração o que foi bom e útil. 

Espero que mais do que meu estilo informal e provocativo, meus "palavrões" e meu calvinismo moderado, vocês se lembrem de mim pelo legado da centralidade de Cristo e da Palavra de Deus. Numa síntese, jamais esqueçam que O AMOR DE DEUS SOBRE NÓS É INCONDICIONAL E SEU PERDÃO IRREMOVÍVEL ! Só nos resta ter uma fé inabalável e mantermos nosso foco em Jesus. Isso tudo com gratidão, louvor, bom humor e total dependência de Deus. O resto é resto...

Meu sincero abraço e carinho, a todos, indistintamente. 

No amor de Cristo, 

Pr. João Vicente André (economista, calvinista, flamenguista).